Autismo no programa Profissão Repórter

Foi ao ar na noite desta quarta-feira, o programa Profissão Repórter, que mostrou o dia a dia de pessoas diagnosticadas com Transtorno do Espectro Autista. Na reportagem foram destacadas questões como a ausência de políticas públicas, a falta de treinamento aos professores, para receber as crianças, e o que mais me chamou a atenção, foi que em nenhum momento o Fonoaudiólogo foi citado nos locais que aparecem na reportagem ou por outros profissionais que concederam entrevista, o que me causa estranheza, uma vez que sabe-se que a linguagem é um dos pilares no diagnóstico precoce e tratamento do Espectro Autista. 

O número de crianças autistas vem disparando no Brasil. Segundo dados do CDC (Center of Deseases Control and Prevention), órgão ligado ao governo dos Estados Unidos, existe hoje um caso de autismo a cada 59 pessoas. Dessa forma, estima-se que o Brasil, com seus 213 milhões de habitantes, possua cerca de 3 milhões de autistas. Contudo, apesar de numerosos, os milhões de brasileiros autistas ainda sofrem com a falta de informação sobre o transtorno, conforme foi demonstrado no programa. Nossa luta profissional é fazer com que as crianças com TEA sejam encaminhadas para uma avaliação fonoaudiológica.

Vários estudos demonstram que quanto antes o tratamento fonoaudiológico, com crianças autistas for iniciado, melhores são os resultados em termos de desenvolvimento cognitivo, linguagem e habilidades sociais.

Se a dificuldade em identificar os sinais de TEA ainda é um obstáculo a ser ultrapassado, criar políticas públicas tem sido ainda mais difícil, a maior parte das famílias precisa recorrer à justiça para pleitear, através de liminares, o custeio do tratamento pelo Estado ou planos de saúde. Vale lembrar que pessoas mais humildes nem mesmo sabem que existe essa possibilidade.

Não tenho dúvidas que muitas crianças estão sendo beneficiadas com liminares e atendimentos de excelência, que muitas vezes permeiam métodos comprovadamente eficazes através de evidências cientificas, mas temo que num futuro próximo essa demanda não poderá ser suprida através de casos específicos. É nosso dever como profissionais, lutar pela criação de políticas públicas e uma visão mais ampla onde existam locais adequados para uma abordagem apropriada para esta população, com a inserção de mais fonoaudiólogos, além a interação com as demais áreas que fazem parte da equipe multidisciplinar.